Direção: Marlos Andreucci e Walter Campos
Período de exibição: 17/11/1969 - 17/07/1970
Horário: 22h
Nº de capítulos: 209
- Conflito de gerações, preconceito social, infelicidade conjugal, reforma agrária e questões raciais foram alguns dos temas discutidos pelo autor Dias Gomes na novela. A trama, juntamente com Véu de Noiva, de Janete Clair, lançada um mês antes, inaugurava na TV Globo um novo estilo de fazer telenovelas, pautado por gravações em externas e exploração da realidade por meio da abordagem de temáticas nacionais e assuntos do cotidiano. Ambientada na Bahia, Verão Vermelho também destacou a cultura popular local, com suas festas de rua, rodas de capoeira e candomblé, além dos problemas sociais.
Arlete Salles sobre Verão Vermelho:
Você fez Verão Vermelho, uma novela gravada em Salvador.
Um texto do Dias Gomes. Ele é baiano e quis dar início a esse trabalho de inserir o cotidiano brasileiro na teledramaturgia. Ele criou uma história que se passava na Bahia. Eu participei, junto com Dina Sfat, que era a protagonista, o Paulo Goulart e um elenco imenso. Nós já nos deslocávamos para gravar fora do Rio de Janeiro. Fomos todos para a Bahia e iniciamos as gravações lá. Eu me lembro da chamada da novela, em que eu aparecia dentro de um saveiro, usando um sarongue, o maior corpaço, mas com tudo cobertinho e amarrado com o sarongue. Em um determinado momento, aparecia a Dina Sfat, que tinha um corpo belíssimo, tomando água de coco com o pezinho meio de lado assim e usando um lencinho e óculos escuros. E tiraram uma fotografia que foi publicada em todos os jornais com o meu nome. Eu dei pulos de alegria e pedi a ela: “Não desmente, pelo amor de Deus!” A história fez um imenso sucesso e se iniciava um outro gênero de dramaturgia dentro da televisão, em que era projetada a nossa realidade, a nossa cultura, os nossos autores, e que abriu espaço para a vinda de Jorge Amado, por exemplo. Janete Clair estava sempre presente com os seus textos, que tinham muita fantasia. A Janete trabalhava com a coisa amorosa. Ela gostava de histórias de amor, e as histórias de amor – verdadeiras ou não – sempre vão interessar ao público.
E como foi a reação do público a Verão Vermelho, que trazia essa linguagem nova? Ah, eles não quiseram mais saber daquela coisa fictícia. Aquele gênero da Glória Magadan ficou bem para trás, e eles não quiseram mais saber desse gênero. A televisão estava ascendendo, em pleno processo evolutivo, buscando trabalhar com autores brasileiros, com histórias brasileiras que estivessem no inconsciente do povo, que chegassem ao coração e à vida do povo. Eu acho que a teledramaturgia em nenhum momento se propõe a modificar a história do mundo ou das pessoas, mas ela ilumina de alguma forma, até porque não existe na dramaturgia, em nenhum gênero, um espetáculo, por mais simples que seja, que não seja revelador em algum momento. Eu acho que a teledramaturgia é basicamente entretenimento, mas tem sempre um conteúdo, tem sempre algum grau de informação colocada de forma discreta. Acho que era isso que a direção da Globo buscava, fazer um trabalho próximo da realidade do brasileiro, da sua história, mas levando sonhos também, levando histórias de amor. Tem senhoras, donas de casa, que não beijam na boca há muitos anos, e elas vibram com aqueles beijos na boca no vídeo, com aquelas histórias de amor que elas não têm mais na sua realidade, na sua vida real, mas vivem no imaginário, no sonho. Quando assiste à novela, ela se integra com aquela história e se apaixona junto com os personagens. Isso vai existir sempre. Dias Gomes, por exemplo, era um autor que em todo trabalho deixava marcado a sua consciência política, sua trajetória, seus códigos pessoais e sua posições políticas. A Janete ficava bem distante disso com as suas belas histórias de amor, com o seu coração e o seu romantismo, mas também encantando o público. Eram gêneros diferentes e que tinham a mesma força de encantamento.
E como foi a reação do público a Verão Vermelho, que trazia essa linguagem nova? Ah, eles não quiseram mais saber daquela coisa fictícia. Aquele gênero da Glória Magadan ficou bem para trás, e eles não quiseram mais saber desse gênero. A televisão estava ascendendo, em pleno processo evolutivo, buscando trabalhar com autores brasileiros, com histórias brasileiras que estivessem no inconsciente do povo, que chegassem ao coração e à vida do povo. Eu acho que a teledramaturgia em nenhum momento se propõe a modificar a história do mundo ou das pessoas, mas ela ilumina de alguma forma, até porque não existe na dramaturgia, em nenhum gênero, um espetáculo, por mais simples que seja, que não seja revelador em algum momento. Eu acho que a teledramaturgia é basicamente entretenimento, mas tem sempre um conteúdo, tem sempre algum grau de informação colocada de forma discreta. Acho que era isso que a direção da Globo buscava, fazer um trabalho próximo da realidade do brasileiro, da sua história, mas levando sonhos também, levando histórias de amor. Tem senhoras, donas de casa, que não beijam na boca há muitos anos, e elas vibram com aqueles beijos na boca no vídeo, com aquelas histórias de amor que elas não têm mais na sua realidade, na sua vida real, mas vivem no imaginário, no sonho. Quando assiste à novela, ela se integra com aquela história e se apaixona junto com os personagens. Isso vai existir sempre. Dias Gomes, por exemplo, era um autor que em todo trabalho deixava marcado a sua consciência política, sua trajetória, seus códigos pessoais e sua posições políticas. A Janete ficava bem distante disso com as suas belas histórias de amor, com o seu coração e o seu romantismo, mas também encantando o público. Eram gêneros diferentes e que tinham a mesma força de encantamento.
Fontes: Memória Globo, Novelas Clássicas
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