quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

No ar em 'Brasil a Bordo', Arlete Salles define sua personagem como 'totalmente maluca'

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No ano em que completa 60 anos de carreira, Arlete Salles, 75, está cheia de motivos para comemorar. Em primeiro lugar, sua saúde vai muito bem, obrigado. Em 2014, ela enfrentou e venceu um câncer de mama. "Estou ótima", diz, com o sorriso costumeiro. Outro motivo para ficar feliz é que a Globo estreou mês passado a série 'Brasil a Bordo', gravada em setembro de 2016 e que teve seu lançamento na TV adiado diversas vezes, ficando disponível apenas no Globo Play, plataforma digital, desde abril de 2017.

"Estive nessa expectativa de ver a produção ser transmitida na TV. Queria muito a exibição desse projeto, tem mais de um ano que gravamos", lembra. Por fim, e não menos importante, ela é uma das protagonistas do filme 'Amigas de Sorte', está no elenco do longa 'Crô 2' e reservada para a próxima novela das 21h, de João Emanuel Carneiro, que estreia em maio. "Sou inquieta, geminiana. Quero fazer muitas coisas ao mesmo tempo", avisa a intérprete de Berna, da série 'Brasil a Bordo', na Globo. Quando encontra um tempo livre, além de curtir a família, Arlete adora ver Netflix. "Sempre tiro uma brechinha para ver 'The Tudors' e 'House of Cards'", conta ela sobre as séries favoritas.

ASSÉDIO X ELOGIOS

A atriz é do tipo que fala abertamente sem meias-palavras. Principalmente quando questionada sobre o movimento cada vez maior de mulheres denunciando casos de assédio, seja cometido por seus chefes, colegas ou estranhos. "As mulheres tinham vergonha de colocar um assunto desses em público e suportavam tudo caladas. Graças a Deus, nunca sofri com assédio, mas tinham abordagens, sem insistências. Mas vejo que há excessos no momento. Em toda evolução e revolução sociais, os excessos são inevitáveis. Depois, ajusta", afirma. "Agora tem que diferenciar o galanteio, o elogio, do assédio, da insistência, de uma frase agressiva e do que passa da conta. As mulheres que lideram esse momento falam que tudo começa assim: 'Bonita', 'Gostosa'. O galanteio acho bacana. Quem não gosta? Um olhar de admiração faz parte da vida. As mulheres já se sentem à vontade para elogiar um homem também. Tem que achar essa medida", acrescenta. Os excessos não têm vez com a veterana. "Esses horrores que acontecem nos trens, transportes públicos em geral, aí merece cadeia mesmo", decreta.

POLÍTICA

Em ano de eleição, Arlete não esconde sua preocupação. Ela fala que os problemas no país são tantos e tão graves que temos que esperar muito tempo para voltar a funcionar com normalidade. "Quanto tempo mais temos que viver nessa desigualdade, violência, falta de educação, falta de coisas básicas na vida do cidadão como a saúde ou o salário dos funcionários públicos atrasados?", questiona ela, indignada. "Será que agora nas próximas eleições saberemos escolher bem e fazer uma escolha feliz? Essa é a pergunta que faço e é o que me angustia no momento. Finalmente, aprendemos a votar? Vai surgir uma pessoa legal para governar esse país tão bonito?", indaga.

BRASIL

A atriz conta que, durante as filmagens do longa 'Amigas de Sorte', protagonizado por ela, Susana Vieira e Rosi Campos, viajou para o Uruguai - o filme teve cenas rodadas em Punta Del Este e Montevidéu. "O vento era frio, Montevidéu é bonito, mas eu pensava no nosso país, que maravilha é o Brasil. Que clima! Que lugar abençoado por Deus! Vamos acreditar que esse momento conturbado politicamente também é uma lição. A gente está aprendendo muito. Assistindo a coisas impensáveis anos atrás. É um momento importante", frisa. "Se é um país democrático, não pode ter obrigatoriedade (de voto). Tenho horror a isso e ao horário de verão. Não gosto que me obrigue a nada. Se aparecer um bom candidato, vou votar. Se não aparecer, vou ficar em casa", diz.

SÉRIE

Em 'Brasil a Bordo', Arlete interpreta Berna, uma matriarca sem noção. "É uma personagem maravilhosa totalmente maluca. Não é edificante como ser humano, é uma mulher sem escrúpulos, e a ambição louca dela acaba divertindo. O Miguel (Falabella, autor da série) é alguém que amo como ser humano. Ele vem iluminando meu trabalho e me confiando personagens bacanas", derrete-se.

Segundo a atriz, a própria série 'Brasil a Bordo' se apodera de questões que vivemos politicamente para fazer rir e também refletir. "Sempre vai ter uma crítica social e política. O avião está caindo aos pedaços e só Deus sabe para onde vamos", fala, referindo-se ao país.

E por falar em avião, tem medo? "Não é meu transporte favorito, é necessário. Por mais que digam que é o mais seguro, não sei. Antigamente, ficava mais assustada no avião. Hoje, viajo com calma, mas quando tem turbulência, aí eu lembro que estou no ar (risos)", entrega.

PLÁSTICA

Vaidosa, Arlete não leva para o pessoal os comentários do personagem Vadeco (Miguel Falabella) sobre as plásticas de Berna na série. "Já fiz (plástica), mas não farei mais. A minha cota já foi esgotada. Fiz onde achei que precisava e estou bem com meus aspectos físicos e meu rosto", salienta a atriz, que usa cremes e vai regularmente à dermatologista. "Sou a favor da plástica, do botox, de tingir o cabelo, da atividade física e da alimentação saudável, mas sem radicalismos. Gosto de doce e vinho", confessa, aos risos. "Para não me ver na tela e ficar deprimida, preciso só perder um pouco de peso. Vou gravar novela, e o vídeo aumenta muito", lembra. "Mas sem deixar de aproveitar a vida, claro", destaca, em tom de humor. Mas é bom envelhecer? "Não sei, ainda não envelheci", diz ela, às gargalhadas.




Fonte: O Dia