segunda-feira, 20 de junho de 2011

Cenas de um assalto prolongado!

Aguinaldo Silva postou em seu site o "making of" da gravação de Arlete Salles em sua nova novela "Fina Estampa", acompanhe:

A cena é a seguinte: no volante do seu táxi, Vilma (Arlete Salles) aceita dois passageiros na Barra da Tijuca, dois homens que, de terno e gravata e munidos de suas respectivas pastas de executivos, lhes pedem que os leve até o Aeroporto Santos Dumont. “Mamão com açúcar”, pensa Vilma, e segue em frente. Só que ali na altura do Museu de Arte Moderna um dos homens abre tranqüilamente a pasta, tira de lá uma arma, aponta pra ela e dá a ordem: “pára o carro e desce!”
Sim, são dois assaltantes.
Vilma obedece, um dos homens assume o volante do táxi e arranca, e Vilma – desesperada por ver o seu ganha-pão sumir justo no instante em que o seguro venceu e ela ainda não o renovou – sai a correr por entre os carros, na contramão, a gritar: “meu táxi, roubaram meu táxi!”, e com isso quase provoca, em pleno Aterro do Flamengo, um engavetamento geral.
Simples, não? Eu não demorei nem cinco minutos para escrever a cena, que vai ao ar na primeira semana de “Fina Estampa”… Mas a produção da novela precisou de nada menos que três sábados para realizá-la com todo o requinte que ela exigia. Por que sábados? Porque nos dias comuns, quando o trânsito é mais intenso, seria impossível realizar esse tipo de trabalho… E aos domingos o Aterro do Flamengo é fechado ao trânsito.
Pois a diferença, do ponto-de-vista do trabalho, entre o que está no papel e o que vem a ser realizado é enorme. E o autor deve sempre levar isso em conta quando ouve alguma queixa da produção sobre as dificuldades de realizar isso ou aquilo. No papel o Senhor Autor é o rei e pode tudo. Mas quando se trata de realizar o que Sua Majestade escreveu, aí já são outros quinhentos. Além das dificuldades em si, há os imprevistos, como por exemplo: chegar uma frente fria e cair uma bruta chuva no dia em que será gravada uma cena na qual as personagens resolvem ir à praia tomar banho de sol.
Fazer o quê num caso desses? Mandar todo o mundo pra casa e adiar a gravação pra dali a dois, três dias, ou pra semana seguinte, e rezar pra que, no dia aprazado, a chuva não volte… Já que a novela, ao contrário do cinema, cujos prazos são sempre prorrogáveis, tem dia certo pra tudo, e aquele capítulo do banho de sol já tem data pra ir ao ar, e ponto final.
É por isso, pelos prazos exíguos, pela ameaça constante de imprevistos, que a novela, por mais bem escrita, produzida, interpretada e dirigida que seja, nunca atinge o nível de qualidade do cinema – embora, no caso do Brasil, seja quase sempre melhor que ele. Dentro do tempo exíguo de que dispomos, fazemos o que podemos – essa é a lição.
Nas fotos, feitas por Tita Berredo, flagrantes do terceiro sábado de gravação da tal cena que eu não levei nem cinco minutos para escrever: na foto no alto, Arlete ao volante do táxi de “Vilma”. Na foto a seguir, num intervalo, o diretor Cláudio Boekel e sua equipe afagam o cachorrinho de Maria Elisa Berredo. E nas fotos abaixo o cameracar, que é uma espécie de “caveirão” das gravações no trânsito.
 Mais Fotos:







Fonte: Aguinaldo Silva Fotos: Tita Berredo

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