domingo, 5 de agosto de 2012

Boca de Cena - A Partilha

Responsável por projetar o nome de Miguel Falabella entre os grandes dramaturgos de sua geração, a peça “A Partilha” volta a ser encenada 22 anos depois de sua estreia. Com mais de 30 espetáculos no currículo, o autor, ator e diretor conseguiu reunir novamente no palco o elenco original da peça, formado por Susana Vieira, Arlete Salles, Thereza Piffer e Patricya Travassos. O clássico contemporâneo gerou frutos: foi parar no cinema com direção de Daniel Filho, ganhou uma continuação na peça “A Vida Passa” e foi montado em mais de 12 países. A montagem original permaneceu em cartaz por seis anos e foi vista por mais de um milhão de espectadores. 

O espetáculo conquistou o público com a história de quatro irmãs que se reencontraram no velório da mãe e repassaram suas próprias histórias a partir do fatídico episódio. “A Partilha” nasceu do encontro entre Falabella e suas amigas (Natália do Vale também estava na montagem original, revezando-se com Patricya). O texto rendeu a Falabella o Prêmio Molière de Melhor Autor. O sucesso foi tão grande que o espetáculo chegou a ficar em cartaz simultaneamente no Rio e São Paulo, com dois elencos distintos, e fez duas turnês nacionais. Na entrevista, Falabella destaca a importância desse trabalho em sua vida, conta como foi o reencontro do grupo e comenta a relação entre as quatro irmãs que protagonizam a peça

‘A Partilha’ é o espetáculo mais importante da sua carreira? Sem dúvidas. Foi o texto que me consagrou, o espetáculo que ficou mais tempo em cartaz. Já foi encenado em 12 países e continuo recebendo pedidos de novas montagens no mundo inteiro. A partir dele passei a ser respeitado como dramaturgo, além de conhecer uma consagração popular até então inédita na minha carreira.

Como foi o reencontro entre você e as quatro atrizes? 
Uma grande festa. Esse é o espírito dessa volta, celebração. Queremos festejar esse momento tão importante em nossas vidas.

Imagino que não tenha sido fácil conciliar a agenda dessas atrizes para uma nova temporada. Como surgiu a ideia de remontar a peça? 
Foi tão difícil que demoramos dois anos para montar! A ideia inicial seria fazer em 2010, quando completariam 20 anos da estreia, que foi em janeiro de 1990. E mesmo assim, a Natália do Vale não pôde participar, porque está escalada para a novela ‘Salve Jorge’. Sendo assim, convidei a Patricya Travassos, que já tinha feito essa personagem, substituindo a própria Natália.

O que foi modificado da versão original? O texto foi mantido ou atualizado para os dias de hoje? 
O texto é basicamente o mesmo. Apenas fiz uma atualização de datas e também aumentei o valor do apartamento da família. Em 1990, custava R$ 100 mil, mas os preços no Rio estão uma loucura. Então reajustamos para R$ 500 mil, mas ainda estão achando barato!

O que mudou no seu jeito de dirigir do início dos anos 90 até hoje? E na atuação das atrizes? 
O que permanece inalterado é o prazer e a alegria de estar em cena. Somos mais experientes, temos mais vivência, mas a paixão e o frescor se mantêm inalterados.

Gostaria que você comentasse um pouco sobre a relação entre as quatro irmãs. Criei essa família com base no que sempre observei na minha própria família e em qualquer outra, porque são todas iguais. As pessoas se amam, brigam, implicam umas com as outras. Em todo núcleo familiar existe uma Selma, que é a irmã ressentida, amargurada, que procura encontrar defeitos em tudo. E ela acaba tendo inveja de todas as irmãs porque elas vivem, correm atrás do que desejam e a Selma ficou presa na Tijuca, em um casamento infeliz. Acima de tudo, paira o amor entre essas mulheres, que têm suas diferenças, suas mágoas, mas muito afeto que as mantêm sempre unidas.

A que você credita o enorme sucesso da peça com o público? 
Ela fala do ser humano, é muito verdadeira, fala da família que pode ser de qualquer pessoa que esteja na plateia, então há uma identificação imediata. Além disso, tudo é feito com muito humor e temos no palco quatro atrizes sensacionais.


Fonte: Globo Teatro

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