sábado, 24 de setembro de 2011

Mulheres enfrentam preconceito para atuar como taxistas em São Paulo

Na ficção, elas são Lili, de “O Astro”, e Vilma, de “Fina Estampa”. Na vida real, elas são Ana Angélica, Ana Cristina, Regina, Cecília, Beth, Néia e milhares de taxistas mulheres que rodam as cidades brasileiras. Só em São Paulo, elas já somam seis mil, de um total de 35 mil taxistas.

 São pessoas como Ana Angélica e Ana Cristina, duas amigas que há dois anos trocaram uma lanchonete pelo trabalho no trânsito.

“O primeiro dia que nós pegamos o táxi, eu disse para ela: ‘Aonde nós vamos? Para onde eu vou?’. Ela disse: ‘Você vai para um lado, eu vou paro outro, porque a gente não pode trabalhar juntas’”, lembra a taxista Ana Angélica.

Elas tiveram que aprender a se achar na cidade de São Paulo. “No começo, a gente não tinha noção de onde ficava as avenidas Rebouças e Doutor Arnaldo”, comenta a taxista Ana Angélica.

Elas enfrentaram preconceito até entre mulheres. “Já peguei uma passageira que me disse assim: ‘Eu não gosto de motorista mulher’. Eu parei em outro ponto e ela pegou outro táxi”, disse Ana Angélica.

No dia a dia, no trânsito, elas já ouviram frases como ‘Vai lavar roupa’. “Eu já ouvi. Muitas vezes, você se distrai e desliza. Você é humano, a gente erra. Depois você ouve aquele: ‘E depois é profissional, tinha que ser mulher’”, lamenta a taxista Ana Angélica.

O Fantástico veio ao Rio de Janeiro encontrar a atriz Arlete Salles para convidá-la a dar uma volta com a Néia, taxista da vida real. “Néia é a taxista verdadeira e eu, a taxista de faz de conta”, brinca Arlete Salles.

“Eu adoro rolé. Eu acho que, para ganhar dinheiro, é o rolé. Dizem que é mais periogoso. Rolé é imprevisível. Você não sabe quem é que está com você”, comenta Néia, que continua o bate-papo com a atriz Arlete Salles.

“O assédio sexual existe. Eu já cheguei ao ponto de parar num policial. O cara queria de qualquer forma que eu parasse com ele num bar, em algum lugar, e eu falava: ‘Não, eu sou casada’. Deus me livre. E o cara começou a me segurar, a me agarrar. Parei no policial e pedi ao policial que tirasse ele do carro”, comentou Néia, que disse à taxista da ficção que nunca foi assaltada.





“Graças a Deus. Minha personagem, a Vilma, já foi. Perdeu até o táxi”, lembra a atriz. “Eu estou até para oferecer meu táxi, porque eu trabalho sozinha”, brinca Néia.

Na Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, o Fantástico encontrou um grupo de mulheres e homens que dividem o mesmo ponto. O que os outros motoristas costumam falar das mulheres?

“Eles falam que é barbeira, que não sabe dirigir, estão sempre reclamando da gente”, aponta a taxista Beth Cabrea.

Eles dizem não ter preconceito com mulher dirigindo. “Claro que não! É um prazer tê-las como companheiras de serviço. Elas dirigem bem. Isso eu falo para os meus colegas que elas dirigem bem. Eu só não falo para meus passageiros. Aí eu falo que elas dirigem mal”, brinca o taxista Amaro Francisco da Silva. “Eu tenho 42 anos de carta e duas multas só”, afirma Beth.

A vida de taxista não é só dirigir. Na novela “O Astro”, a personagem Lili gosta de uma boa conversa com os passageiros. E as da vida real? “Eu conheci muitos passageiros, fiz muitas amizades, pessoas muito interessantes”, disse a taxista Ana Angélica.

“Essa interação com o passageiro é muito legal. Você conta sua vida um pouquinho e aprende a vida dele um pouquinho”, comenta a taxista Regina de Mello Ceres. “Tem uns que convidam até para tomar cafezinho”, diz a taxista Cecília Campillo Perez

“Você sabe que agora as pessoas entram no carro e falam: ‘Aí, Néia, você está na moda, hein’”, brinca a taxista Néia, do Rio de Janeiro.

Fonte: Fantástico

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